Viver com vampiros nunca é fácil.
Abernathy Meyers já está acasalado com um vampiro, Zebulon. É uma pena que Zebulon não dê a mínima para ele. Abbie está preso com o homem por toda a eternidade — ou até que eles morram. Alguns dias, Abbie acha que isso não pode acontecer rápido o suficiente. Ele está cansado de ser maltratado, mas ainda não quer fazer sua saída terrena.
Porque ele anseia por outro homem — outro vampiro — há anos. Amor proibido — há algo mais atraente, ou que parta mais o coração?
Há um passado distorcido, uma história oculta que liga Abbie, Zebulon e o líder do clã, Claude.
Claude vive com medo de virar pó a qualquer momento. Não é razoável, mas ele não consegue se livrar disso. Ele deixou seus próprios medos impedirem sua felicidade em potencial e, em vez disso, colocou as necessidades de seu clã em primeiro lugar, ignorando as suas. Mas se ele está deliberadamente cego para as necessidades de um humano em particular porque esse humano é o companheiro de outro vampiro, então Claude está realmente liderando da melhor forma que pode?
É uma pergunta difícil para ele responder e, em breve, ele terá que fazer uma escolha que afetará ele e Abbie, para sempre.
General Release Date: 29th March 2022
Abernathy Meyers saiu de seu quarto, aliviado que a escuridão havia desaparecido e a manhã havia voltado. Com Zebulon dormindo no caixão, Abbie podia relaxar e não se afogar em sua situação pessoal.
Ele arranhou a marca de mordida em seu pescoço. Abbie odiava que Zeb sempre o marcava em lugares onde esconder a mordida só servia para tornar a maldita coisa mais perceptível. Ele teria que usar uma gola alta que subia três quartos do pescoço para cobri-la. Viver no deserto não era propício para gola alta e, de qualquer forma, Abbie não tinha nenhuma.
Quando chegou à cozinha, Abbie já estava se sentindo muito mais feliz. Havia uma voz familiar que o fez passar correndo pela porta.
— Augustin!
— Abbie! — Augustin deu um pulo e quase derrubou os dois com o abraço feroz que deu em Abbie.
Abbie deu um tapa na bunda de Augustin após lhe dar um abraço em troca.
— Ai! — Augustin mexeu aquele traseiro voluptuoso e agitou os cílios para Abbie. — Eu não gosto desse tipo de coisa, docinho.
Abbie bufou. — Que pena. Tony precisa de umas boas palmadas.
— Há! — Augustin gargalhou e o abraçou novamente. — Estou tão feliz que você está acordado!
— Estou feliz que você voltou. — Eles se soltaram. Abbie não conseguia parar de sorrir. Claro, ele era amigável com os outros companheiros humanos aqui, mas Augustin e ele realmente se deram bem. — Então, você chegou ontem à noite? Pensei que você faria Tony cortejar você por um mês ou mais. Droga, eu perdi a aposta.
Augustin fez uma careta. — Vocês fizeram uma aposta? — Ele se virou e olhou para as outras pessoas reunidas na cozinha. — De verdade?
Cada um deles assentiu.
— Bem, quem ganhou? — Augustin exigiu saber. — Eu quero uma parte.
Billie acenou. — Eu ganhei, e não, você não vai ganhar uma parte, seu idiota.
Augustin bufou e começou a implicar com ela.
Abbie não pôde deixar de sentir que as coisas iam melhorar. Na parte racional de sua mente, ele sabia que não era verdade. Zeb o queria como companheiro tanto quanto ele queria Zeb. A única coisa que impedia Zeb de transformá-lo contra sua vontade era a certeza de que Claude mataria Zeb por fazer uma coisa dessas.
Mas Abbie sabia que, se tivesse a chance, Zeb o mataria ou o transformaria. Então eles não precisariam mais um do outro.
Ambos eram parasitas indesejados.
— Você parece terrivelmente sério.
Abbie cantarolou e olhou para Augustin. — Eu nem percebi que a discussão tinha acabado.
Augustin revirou os olhos. — Sim, viu? Você está obviamente distraído. — Ele estudou Abbie.
Abbie tentou não se contorcer ou cutucar seu nariz para ver se ele tinha algo desagradável pendurado nele. Em vez disso, jogou óleo cuidadosamente sobre os dois ovos que estava fritando com as gemas intactas. — Lado ensolarado para cima, certo?
— Você realmente me ama — cantou Augustin, fazendo a coisa com os cílios novamente.
Abbie começou a rir. — Cara, você deve ter tido uma ótima noite. Você está cheio de si esta manhã.
— Oh, querido, eu estava definitivamente cheio com algo a noite toda — Augustin cantarolou.
Abbie ignorou a pontada de inveja. — Estou muito feliz por você estar de volta. E estou feliz por você e Tony. — Ele usou a espátula para remover os ovos da frigideira. Depois de colocá-los em um prato, ele olhou para Augustin. — Você tem certeza de que ele é quem você quer? — Abbie perguntou baixinho, suas bochechas esquentando com vergonha. Certamente a pergunta revelava muito de sua própria situação.
Algo que poderia ser simpatia, ou pena, passou pela expressão de Augustin, mas desapareceu em um piscar de olhos. — Sim, eu tenho.
Abbie assentiu e ignorou o silêncio estranho entre eles. Augustin estava esperando que ele confessasse ou explicasse, e Abbie também não faria isso. — Não sei como alguém come ovos moles. Eu gosto do meu mexido e nem um pouco pegajoso.
— Você gosta do seu queimado e emborrachado — Porter gritou. — É por isso que você tem que afogá-los naquela merda de molho picante.
Abbie se virou e acenou com a espátula para Porter. — Só porque você é um covarde e não aguenta um pouco de tempero não significa que eu sou. — Oh, ele se sentiu um grande mentiroso por isso. É verdade o suficiente para a comida, pelo amor de Deus. Nada mais seria discutido naquele momento.
Mas Abbie jurava que Augustin sabia.
Não era possível. No que dizia respeito a todos os companheiros, Abbie e Zeb estavam felizes e fazendo sexo como os companheiros deveriam fazer — em outras palavras, com frequência.
Não havia necessidade de dizer o contrário a ninguém, mas ele com certeza desejava que Augustin não estivesse olhando para ele daquele jeito.
Abbie encarou Augustin e mostrou a língua, depois voltou a cozinhar.
— Eu não sou covarde — Porter murmurou.
— Por que você não experimenta um pouco de pimenta em seus ovos hoje, então? — Mark perguntou.
— Me dá gases — reclamou Porter.
— Ninguém quer isso — disse Billie enquanto batia na mão de Porter. — E tenha modos à mesa, ou eu cuidarei disso para você. Há algumas coisas que não devem ser discutidas durante as refeições… ou em qualquer lugar que eu esteja.
— Estranhamente, eu senti falta disso — Augustin meditou.
Abbie entendia isso perfeitamente. Esta era sua família agora — as pessoas reunidas na cozinha, os vampiros dormindo como mortos em seus caixões. Abbie cozinhava para os humanos e cuidava de todos eles. Ele era a mãezona. Era outra razão pela qual ele nunca concordaria em ser transformado.
E daí se a vida dele não era perfeita? Havia muitas pessoas em piores relacionamentos, piores situações. Abbie tinha sua família aqui, e ele era necessário.
Ele preparou seu próprio prato por último e ficou surpreso ao descobrir que Augustin esperou para comer até que ele também pudesse se sentar.
— Sua comida não está fria? — Abbie perguntou.
Augustin cutucou os ovos com o garfo. — Acabei de esquentar, então não. Agora está quente e extradura.
Abbie estalou a língua. — Amanhã vou preparar seu café da manhã por último. Você estará por conta própria no almoço. Tem sanduíches na geladeira. O jantar será pasta carbonara e pão de alho caseiro.
— Oh, cara. Você também vai fazer o vinho? — perguntou Augustin.
— Espertinho. — Não havia absolutamente nenhuma maneira de Abbie falar dos barris que ele tinha guardado no porão.
— Me diga o que está acontecendo — pediu Augustin. — Eu estive aqui como visita, mas caso você duvide, esta é uma residência permanente para mim agora.
Abbie engoliu o pedaço de bacon e tomou um gole de suco de laranja antes de falar. — Uma residência permanente?
— Aonde quer que Tony vá e toda essa merda piegas — respondeu Augustin, girando o garfo ao redor. — O coração dele é minha casa. Ele é tudo que eu preciso…
Embora Augustin estivesse tentando fingir que era uma piada, Abbie sabia que ele estava falando sério. O amor que Augustin tinha por Tony era impossível de não ver. Ele aparecia no brilho de seus olhos e no sorriso largo que ele mostrava, em suma, em toda a sua aparência.
— Você está caidinho — disse Billie ao passar por eles a caminho da pia.
— Ah, e você não está? Aquela idiota malvada que é sua companheira prendeu você pelos cabelos curtos — Augustin informou a ela.
Billie parou de andar e se virou para ele. — Cabelos curtos?
As bochechas de Augustin ficaram rosadas. Ele fez um biquinho. — Figurativamente. Eu prometo a você que nenhum de nós quer saber se você se depila, arranca ou põe fogo nessa merda para mantê-la ajeitada.
Houve uma rodada de risadas dos companheiros e Billie até deu uma risadinha. Ela balançou um dedo para Augustin. — Seja legal ou eu vou dar uma pequena aula.
Augustin tossiu e se engasgou.
Abbie estendeu a mão sobre a mesa e deu um tapa nas costas dele.
— Isso não deveria empurrar a comida para dentro em vez de para fora?
Ele supôs que era Mark perguntando. Difícil ter certeza por cima das tentativas de Augustin de ofegar. Abbie estava de pé e ao redor da mesa bem a tempo de girar Augustin.
Comida molhada e viscosa saiu da boca de Augustin como um projétil mortal, acertando Abbie bem no meio do peito. Algo quente, úmido e desagradável atingiu até o pescoço de Abbie.
Alguém engasgou. Abbie não achava que fosse ele, mas tinha sido perto.
— Desculpe — Augustin murmurou, seus olhos lacrimejando e vermelhos.
Abbie puxou sua camisa. — Bem, pelo menos você não está morto. Isso deve ser um bom presságio para o dia.